A releitura de rubricas neste repertório alternativo leva em conta aspectos constitucionais, morfológicos, temperamentais, miasmáticos, clínicos e sintomáticos dos remédios homeopáticos, não tendo preferência ou exclusividade sobre outras linguagens repertoriais. Assim sendo, a repertorização pode ser clássica ou alternativa, assim como um determinado medicamento pode pontuar em uma rubrica e na outra também, de acordo com critérios de cada classificação, e conforme o quadro clínico e repertorial de cada indivíduo.
Devendo se ter em mente, todavia, que o mais importante para a prescrição homeopática não são os biotipos ou as constituições, uma vez que os temperamentos são superiores pelos seus aspectos mentais, importando ainda mais a síndrome mínima de valor máximo (SMVM) como principal critério prescricional.
Na SMVM o estado mental é mais valorizado e, especialmente, a individualização da sintomatologia através dos fatores mais peculiares e específicos, que sejam mais inerentes ao indivíduo a ser tratado do que à doença a ser diagnosticada e prognosticada, embora esta seja também relevante.
1) Rubrica Morfológica em Releitura Metabólica:
Levando em conta apenas três biotipos principais, quais sejam, nitrogenoide, hidrogenoide e oxigenoide, sendo que a morfologia oxigenoide poderia englobar as classificações tanto de Grauvogl quanto de Nebel e Vannier, pode ser feita uma rubrica metabólica de três tipos apenas; o que isso não invalida a rubrica metabólica de quatro biotipos, bem como ambas as rubricas metabólicas não invalidam as demais.
1.1) Biotipo hidrogenoide ou estado hipertrófico: Grupo do ouro…
a) Grau principal: Aurum metallicum, Calcarea carbonica e Graphites.
b) Grau secundário: Uranium nitricum e Antimonium crudum (e ainda Niccolum sulphuricum 4 DH em quadros de alergia e ortopédicos ou reumatológicos).
c) Grau terciário: Cerium oxalicum e Baryta carbonica.
1.2) Biotipo nitrogenoide ou estado eutrófico: Grupo da prata…
a) Grau principal: Argentum nitricum, Sulphur e Metallum album.
b) Grau secundário: Tellurium (e Niccolum sulphuricum 4 DH em quadros de alergia e ortopédicos ou reumatológicos, ademais de Nitri acidum 4 DH em afecções dermatológicas).
c) Grau terciário: Uranium nitricum (lembrando que alguns pacientes com diabete mélito tipo 2 ou com dislipidemia não são obesos).
1.3) Biotipo oxigenoide ou estado hipotrófico: Grupo do bronze…
a) Grau principal: Silicea, Phosphorus e Mercurius.
b) Grau secundário: Stannum metallicum ou Stannum iodatum (e Nitri acidum 4 DH em quadros dermatológicos) além de Sepia off e Ambra grisea.
c) Grau terciário: Plumbum metallicum ou Plumbum iodatum, Selenium e Secale cornutum (micélio produtor de alcaloide do Ergot, lembrando que ergosterol é um álcool do tipo esterol o qual é precursor da Vitamina D₂) .
2) Rubrica Clínica em Releitura Geográfica:
Essa linguagem repertorial inclui enfoques geológicos e biológicos.
2.1) Rubrica clínica ou episódica pelo grupo da terra (em ordem alfabética)…
a) Alumina: Ansiedade e depressão; obstipação; impotência sexual; leucorreia (sicose).
b) Ferrum phosphoricum: Quadros inflamatórios de dores, febres e hemorragias; incontinência urinária ou enurese; diarreia (tuberculinismo).
c) Niccolum sulphuricum: Alergias em geral; dorsalgia e cefaleia ou enxaqueca; menopausa (psora).
d) Silicea terra: Quadros infecciosos, purulentos ou luéticos; falta de calor vital (luese).
2.2) Rubrica clínica ou episódica pelo grupo da biosfera animal (em ordem diatésica)…
a) Ambra grisea: Ansiedade e depressão, nervosismo.
b) Apis mel: Alergia, psora.
c) Cantharis: Infecção urinária, sicose.
d) Pyrogenium: Infecções purulentas e sanguinolentas com febre (luetismo).
e) Formica Rufa: Reumatismo articular e muscular ou fibromialgia (artritismo).
f) Pulmo histaminum: Afecções respiratórias em geral (tuberculinismo).
g) Carcinosinum: Afecções carcinomatosas (cancerinismo) e afecções relacionadas ao quadro de diabete mélito tipo 1 ou 2 e suas complicações.
3) Rubrica Clínica em outras Releituras:
Outras releituras da linguagem repertorial abrangem os estudos de analogia com a medicina ortomolecular e com os estudos tradicionais dos medicamentos de origem metálica.
3.1) Rubrica ortomolecular:
a) Borax: Vitamina B6 (cinetose, vertigem da labirintopatia e transtornos nervosos).
b) Cobaltum: Vitamina B12 (fadiga, nevralgia e dorsalgia, aumenta a vitalidade).
c) Manganum: Vitaminas B5 e K2 (artropatias, artrites e artralgias).
d) Selenium: Vitamina E ou tocoferol (afecções de pele, reprodutivas e metabólicas).
e) Vanadium: Vitamina B7 (obesidade e diabete mélito).
f) Zincum: Vitaminas A e D (imunidade, visão, ossos e sistema nervoso).
3.2) Rubrica psicológica junguiana:
a) Aurum metallicum: Sinais e sintomas cardiovasculares, ademais de episódios depressivos. É indicado também em doenças reumáticas.
b) Argentum nitricum: Doenças de todo o aparelho digestivo e quadros de ansiedade. Tem ótimas indicações em fobias e vertigens.
c) Mercurius solubilis: Quadros infecciosos agudos, crônicos ou congênitos e doenças neurológicas.
d) Cuprum metallicum: Afecções do aparelho reprodutor, além de cãibras, cólicas e espasmos em geral, incluindo broncoespasmo.
e) Alumina: Ansiedade e depressão; obstipação; impotência sexual; leucorreia.
f) Silicea terra: Patologias que envolvem fístulas, abscessos, pústulas e corpos estranhos.
g) Niccolum sulphuricum: Alergias em geral; dorsalgia e cefaleia ou enxaqueca; menopausa.
h) Ferrum phosphoricum: Doenças infecciosas que cursam com febre.
i) Baryta carbonica: É um remédio pediátrico e geriátrico, mas quase sempre útil em amigdalites ou hipertrofia de amígdalas e adenoides. Está bem indicado em distúrbios da memória, doença de Alzheimer e acidente vascular encefálico (AVE).
j) Cerium oxalicum: Transtornos da menopausa e dor ciática, poderia ser chamado de “Actea racemosa mineral”, mas os sintomas melhoram com o fluxo menstrual, conforme Lachesis (Vijnovsky); cinetose ou mareio e vômitos (Vijnovsky). Tosse espasmódica ou nervosa (Vijnovsky); tosse coqueluchoide com vômitos e hemorragia (Vijnovsky). Constituição carbônica e morfologia hidrogenoide, como quem se alimenta com excesso de cereais ou de carboidratos em geral.
k) Tellurium metallicum: Afecções de oftalmologia e otorrinolaringologia. Na química é um calcogênio ou chalcogênio e tem indicações homeopáticas para fetidez em geral.
l) Stannum metallicum: É um remédio da astenia e da bronquite catarral ou da bronquiectasia, estando indicado também na enxaqueca. Debilidade geral.
m) Plumbum metallicum: Medicamento das escleroses, tudo se torna duro, empedrado, obstruído e apático. Arteriosclerose com hipertensão arterial sistêmica, nefrite e transtornos mentais. Bom remédio do diabete mélito, especialmente do tipo 1.
n) Antimonium crudum: Medicamento de obesidade, reumatismo na sola dos pés e blefarite crônica. Bom remédio para a indigestão com eructação, vômitos e diarréia, depois de uma alimentação copiosa.
o) Antimonium tartaricum: Afecções respiratórias com extrema dificuldade de expectoração ou expectoração insuficiente.
p) Uranium nitricum: Poderia ser chamado de “Lycopodium mineral”. Remédio de diabete mélito, notadamente tipo 2, nefrite com hidropisia (retenção hídrica) e hipertensão arterial sistêmica.
q) Strontium carbonicum: Poderia se denominado de “Carbo vegetabilis cirúrgico”. Isto é, remédio para recuperação da vitalidade após cirurgias em que ocorre perda de muito sangue Bom remédio também para reumatismo e estenose de esôfago.
r) Palladium: Remédio das anexites, em especial do ovário direito. As dores uterinas se aliviam pela defecação. Pessoas descontraídas e loquazes no ambiente social, mas deprimidas e esgotadas quando se encontram sozinhas. Nas cefaleias, a irradiação atravessa a cabeça de um ouvido ao outro.
s) Platina: Alternância de sintomatologia física e mental (conforme Actea racemosa e Lillium tigrinum).
3.3) Rubrica dos ácidos:
Os medicamentos homeopáticos obtidos de ácidos são muito importantes no tratamento de diversas doenças, particularmente em doenças digestivas, urinárias e no diabete mélito.
a) Aceticum acid: Doença péptica, dispepsia, vômitos, anemia, debilidade, diabete mélito.
b) Benzoicum acid: Diabete mélito, transtornos urinários e da prostata, nefrolitíase, enurese noturna, urina fétida (podendo lembrar a do cavalo, conforme Nitri acid) e reumatismo.
c) Carbolicum acid: Dores lancinantes, pungentes e súbitas, prostração, vômitos e secreções pútridas.
d) Fluoris acid: Fístulas, varizes e úlceras, hemorroidas.
e) Nitri acid: Feridas, úlceras e crostas, urina fétida (podendo lembrar a do cavalo, conforme Bezoicum acid), pirose, dispepsia e hemorroidas.
f) Phosphoricum acid: Ansiedade e depressão, apatia, debilidade, perda de memória e aversão de pensar, diabete mélito e transtornos urinários, enurese noturna.
OBSERVAÇÃO: Embora algumas rubricas alternativas possam inspirar a escolha de remédios, o mais importante na prescrição homeopática é a síndrome mínima de valor máximo (SMVM) que se refere ao conjunto de sinais e sintomas peculiares, diferentes, exclusivos ou incomuns e característicos de determinados quadros e seus medicamentos associados.